REGIONALISMO
Guardião Rogério Marques
em 31/03/2024
Regionalismo é o conjunto das particularidades linguísticas de uma determinada região geográfica, decorrentes da cultura lá existente.
Uma de suas principais expressões é o dialeto. (Wikipedia)
Dentre as particularidades locais, temos, além do dialeto, como o caso do Banto
(dialeto africano, dele temos a expressão neném acalantado pela mama preta);
também a gíria (popular), a língua crioula ou nativa, e, neste país continental, os regionalismos de linguagem regional.
Diga-se de passagem o mais conhecido e festejado, o mineirês.
A literatura brasileira há de ter o comprometimento de ser cada vez mais um retrato fiel de nosso país.
Mas, na verdade, para o estudo das peculariadades vocabulares regionais observáveis no Brasil, um país de dimensões continentais,
falta uma obra moderna em conjunto. A matéria se fragmenta, ou em livros que se dedicam a fixar aspectos lexicográficos específicos de determinadas áreas,
ou em glossários que se apensam a obras de cunho literário carregadas do que se pode chamar de cor local,
no tocante à linguagem que nelas predomina. (In Dicionário da Linguagem Regional, de Mercemiro Oliveira Silva, da Academia Divinopolitana de Letras, 2001)
Do dicionário Michaelis: Regionalismo expressão social e política de defesa dos interesses de uma região.
Gram Termos ou locuções próprias de cada região. Lit. Caráter da literatura em que aparecem costumes e tradições regionais.
Ora, é bom exemplificar alguns termos regionais falados em diversas partes do Brasil,
dentre os mais comuns: do mineiro, mineirês: ô trem bão!, uai!; do baiano: ô xente!; do carioca: ô porra!; do gaúcho: bah! Tchê!
Aqui, agora um desafio, poetrixtar os regionalismos de várias regiões brasileiras, e, que cada poetrix seja um verbete literário de expressões.
Deixemos extravasar uma vasta cultura genuinamente brasileira contendo diversos brasis.
(A nossa Ciranda Poetrix tem abrangência nacional, logo teremos uma chuva de poetrix regionais.)
C001 - CAFEZIN
@Rogério Marques
Êta trem bão
Coado e Quentin
Vem a Minas
C002 - BAH !
@Rogério Marques
Uai, sô!
Conversa boa dimais
Perdi o trem!
C004 - XERETA
@Rogério Marques
Não tinha papa na língua
Sapeava o assunto
Metia-lhe o bedelho
C005 - INTERAÇÃO REGIONAL
@Cleusa Piovesan
Linguagem é um trem vivo
genitora, adoçante de conversa
sabores na ponta da língua
C006 - UAI, SÔ, VEM CUMÊ COM NÓIS
@Beth Iacomini
nois tem feijão com angu
uma pinguinha das boa
ô trem bão
C007 - ALMOÇO MINEIRO DE DOMINGO
@Beth Iacomini
frango com quiabo
feijão tropeiro
lenha crepita no apetite
C008 - MOQUECA CAPIXABA COM PIRÃO
@Beth Iacomini
azeite, leite de coco, coentro
robalo na panela de barro
páprica colore o prato
C010 - EM BOM BAIANÊS
@Rita Queiroz
Línguas de tantas eras
Mainha, nossa rainha
Irmão é meu broder
C011 - ARROZ DE CARRETEIRO
@Soroka
Charque na panela de ferro
Arroz refogado com amor
Unidos venceremos
C012 - ALMOÇO PARAENSE
@Marilia Tavernard
Pato no tucupi
De barro, feito à mão, o prato
Sorvete de bacuri, sobremesa sem igual
C014 - PARAIBANA
@Danda
toda mulher é brava
carrego uma faca peixeira
dez meninos na barriga
C015 - RAÍZES DA TERRA
@contosvida
Sertão guarda segredos antigos
Cantos de terra e de água
Alma da nação
C016 - ALVORADA SERRANA
@contosvida
Montanhas ecoam memórias
Brumas dançam ao nascer do sol
Sertão em cada amanhecer
C017 - CANTO DO RIO
@contosvida
Águas serpenteiam pelo vale
Canções de peixe e de pássaros
Vida que flui
C018 - JEITIN
@carladefaria
enchi os zóio nas Minas Gerais
espia: ouro tá nas gentes
ê lindura
C019 - CULTURA SEM FRONTEIRAS
@Cleusa Piovesan
Chula, xote, catira, congado...
boto me contou que dois bois dançam
num repente Nordeste entra no frevo
C020 - ZÉ NENEN TOPA COM LAMPIÃO
@Chico Zé
afrouxa o ás de copa
vaza angu de caroço
vai logo adubar o vaso
C021 - FÉ, RITMO E CONTRASTES
@Maria Correia
Morro urbano, samba no pé
Mil tons de bossa nova
Cristo é carioca da gema
C022 - SINFONIA REGIONAL
@Maria Correia
Caleidoscópio de cores e sons
Identidades em constante fluxo
Ponte que nos une ao outro
C023 - PAIXÃO NOS PAMPAS
@Soroka
Prenda dissimula olhar
Peão enlaça seu amor
Fogo de chão degela coração
C024 - ARRAIAL POETRIX
@Rogério Marques
Imperador pediu arrego
Não tem vice que arriba
Confraria no arrocho, elege a Corte
C025 - PROSAS E VERSOS
@Cleusa Piovesan
Amizades na roda de chimarrão
sapecada de pinhão estala
causos rolam de boca em boca
C026 - CAIPIRAGEM
@Cleusa Piovesan
Casa de caboclo é aconchego
Traga um trago pa visita!
Limão com açúcar temperam a prosa
C028 - ASSO NO DEDO
@Lorenzo
Poetrix bagual
É balaca
Só surfando na polenta
C029 - NOS ATARRABUFADOS
@Lorenzo
Não dou água a pinto
Não faço empenho
Vivo no pé da fivela
C030 - BORRALHO
@Lorenzo
Apaixonado afinei o cabelo
Vivia amassando bom bril
Onde amarrei o bicho?
C031 - TEM CAROÇO NESSE ANGU
@Beth Iacomini
caiu feito abóbora
cabeça de melancia
não foi por acaso
C032 - VOZES DA SECA
@Maria Correia
Sol de rachar, casa de taipa
Mãos calejadas pela fé
Matuto poetiza com enxada
C033 - NOS VERSOS DO RUFIÃO
@néctar dos anjos
Xácara melodiando as tardes
Suspiros de namoradeiras
Beijinhos fortuitos
C034 - DISENCHAVIDO
@néctar dos anjos
Caldo de piramutaba
Xibé quentinho reúne
Na ponta da língua, jambu
C035 - QUE BARBARIDADE
@claudiotrindade
mas bah!
sem dó
dor no fundo do peito
C037 - NAUFRÁGIO DA RAZÃO
@Maria Correia
Poço de sonhos desgastados
Olhos ausentes, alma vencida
Avariado das ideias
C038 - CABOCLO SONHADOR
@Luciene Avanzini
bota sebo nas canelas
canta versos em cortejo
vê o sol nascer quadrado
C039 - ENTRE LIDAS E CRENDICES
@Cleusa Piovesan
Viver é ser irmão da coragem
sertão de poucas "rosas"
um diabo em cada encruzilhada
C040 - US CAUSO É BÃO
@Cleusa Piovesan
Minino cum quebranto disincantô
us Beija-Fulô me conta lorota
interior tem língua viva e solta
C041 - NOSSA SAMPA
@Michael Douglas
manos e minas
a vida mil grau
em Sampa o barato é loko
C042 - AUTÊNTICO
@Magitrix
Jerônimo herói do sertão
Aninha amizade com Saci
Meu rádio chora de saudade
C043 - SABOR NAS BOCAS
@Magitrix
Cajueiro máximo cresce torto
Praia com sombra enorme
Sementes adoçam céus
C044 - COLHEITA CHUVOSA
@Magitrix
Enormes canaviais
Parreiras adornam troncos
Terra borbulha de alegria
C045 - MINA DE SAMPA
@Nanda Chinaglia
desbravo selvas de asfalto
sonhos voam num busão lotado
no rolê, caos se torna verso
C046 - INFORTÚNIO
@Andréa Abdala
Carrego este banzo
Dores fincadas n'alma
Silenciosa cantoria
C048 - INVENTA LÍNGUA
@RonaldorJacobina
Coroa uma ova!
Setenta jovial
Tou de Boa
C050 - OXÍMORO DO CARINHO
@RonaldorJacobina
Nicinha, Tatinha, Lindinha
Três mãinhas em diminutivo
Aumentativos do afeto
C051 - MACAXEIRA, MANDIOCA, AIPIM
@Andréa Abdala
Mesas com diletos paladares
Almoço e jantar, confortáveis
Conversa-se bem de boca cheia
C052 - ESPANTO
@Danda
Oxente! Quem fez isso?
Eita! Cabra da peste
Vixe! Tu não tinha morrido?
C053 - PASSEIO NO SÍTIO
@Kika
lambuzei-me
fiapo de manga nos dentes
Eita! abestalhados, mangaram de mim
C054 - AVALIE SÓ
@Kika
mãe fala mil vezes e nada
criança no mundo da lua
tá azuretado menino?!
C055 - FESTA MASSA
@Kika
arrasta-pé
rala-bucho
forró espanta borocochô
C057 - FÉ DIVIDIDA
@Maria Correia
Beata de alma pura
Desejos fechados a sete chaves
Marido não dá no couro
C058 - insPIRADA VIAGEM
@Marcelo Marques
Meu, o verso saiu no rolê
Destino está no ponto certo
O impossível é sob medida
C059 - CANTO DA ONÇA PINTADA
@Maria Correia
Amazônia pede arrego
Sustentabilidade avacalhada
Índios de bucho vazio