OLHO D´ÁGUA
Guardião claudiotrindade
em 03/04/2024
O olho dágua ou, como também é conhecido, mina dágua, fio dágua, cabeceira e fonte, nada mais é que uma nascente, o aparecimento na superfície do terreno de um lençol subterrâneo, que dá origem a cursos dágua ou rio.
As nascentes são fontes de água que surgem em determinados locais da superfície do solo e são facilmente encontradas no meio rural. Correspondem ao local onde se inicia um curso de água (rio, ribeirão, córrego), seja grande ou pequeno.
As nascentes ou mananciais se formam quando o aquífero atinge a superfície e, consequentemente, a água armazenada no subsolo jorra (mina) na superfície do solo, surgindo assim, uma nascente.
O atual Código Florestal, Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2.012, sugere acompanhar basicamente esse entendimento, mas promove uma distinção entre nascente e olho dágua:
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
XVII nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso dágua;
XVIII olho dágua: afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente.
Essa distinção entre nascente e olho dágua na lei, considerando a surgência do lençol freático que não gera um curso dágua e que não tem caráter de perenidade, é o fator que implicou na obrigatoriedade de delimitação de uma APP (Área de Preservação Permanente).
Olhos DÁgua também são aqueles olhos de mãe quando vê um filho que a anos não encontrava ou diante da fome que ruge no estômago. Olhos marejados pela dor de ver o sofrimento de um irmão, lágrimas que caem em cascatas por alegria, saudade, desilusão,...
Assim como diz Conceição Evaristo no livro Olhos DÁgua: Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço. E com os olhos alagados de prantos balbuciava rezas a Santa Bárbara, temendo que o nosso frágil barraco desabasse sobre nós. E eu não sei se o lamento-pranto de minha mãe, se o barulho da chuva... Sei que tudo me causava a sensação de que a nossa casa balançava ao vento. Nesses momentos os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava, chovia! Então, por que eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?
Evaristo continua: Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos dágua.
Meus queridos Confrades e Confreiras, vamos conferir diferentes Olhos DÁgua com seus belos versos e Poetrix
Referências:
Evaristo, Conceição. Olhos dágua 1. ed. Rio de Janeiro: Pallas: Fundação Biblioteca Nacional, 2016. 116 p. : il. ; 21 cm.: Disponível em:
O que são Olhos DÁgua? Comitê Bacia Hidrográfica do rio São Francisco. 13 jun. 2015. Disponível em:
C001 - PANELA CHEIA DE FOME
@claudiotrindade
cozinhava o desejo
água solitária fervia
olhos de lágrimas sonhavam
C003 - NASCENTES DE MIM
@Rita Queiroz
Verto águas por todos os poros
Transbordo versos alados
Fios do tempo se esvaem
C004 - SEDE DE POESIA
@Rita Queiroz
Brotam águas no seio da terra
Correntezas suavizam dores
Derramo-me em solidões
C005 - JORRO DE EMOÇÕES
@Cleusa Piovesan
Mães choram de alegria ou dor
dão colo para chorar também
amor em águas cristalinas
C006 - NASCENTES EM NÓS
@Marcelo Marques
Águas dos poros, dos olhos
Jorram suores e lágrimas
Fontes do fundo à superfície
C007 - ESPERANÇA
@Soroka
Olhos marejados de dor
Lágrimas irrigam sonhos
Brotos de futuro germinam
C008 - LABIRINTO EMOCIONAL
@Maria Correia
Lágrima silente da solidão
Face invisível no espelho
Ecos do vazio da alma
C009 - MEMÓRIA
@Soroka
Carrossel de lembranças
Redemoinho de águas passadas
Ecos de outrora
C010 - LÁGRIMAS NO CÉU
@contosvida
Olhos refletem o infinito
Chuva é o pranto do universo
Almas lavadas
abrigados
C011 - ESPELHO DO SERENO
@contosvida
Olhos dágua espelham a terra
Gotas são fragmentos do céu
Poesia em cada gotícula
C012 - ONDAS DO CHORO
@contosvida
Água nos olhos ecoam histórias
Mariolas são suspiros da alma
Maré de emoções afogadas
C014 - NASCENTE
@Danda
rios me possuem
perdi meu barco
minhas águas são demônios
C015 - ÁGUA VIVA
@Maria Correia
Em gotas, verso me torno
Lágrimas caem sem alarde
Submerjo sem resistir
C016 - TRANSCENDÊNCIA
@Cleusa Piovesan
Decepções e erros fortalecem
não me afogo em águas passadas
mudei o curso de meus rios
C018 - ÁGUA NÃO SE FABRICA
@claudiotrindade
cai do céu cinzenta
solo filtra o pó
vertente mineral
C019 - ESPERANÇA DE VIDA
@Margarida Montejano
Olhos d'água
Sol nascente
Oasis no deserto
C020 - AMOR SEM MEDIDA
@Margarida Montejano
Paixão à primeira vista
Espelho d'água
Narciso se afoga
C021 - ESPELHO DA VIDA
@Andréa Abdala
Lágrimas contam fatos
Gotas mil, infinitas
Os olhos não mentem
C022 - ÁGUAS EMOTIVAS
@Maria Correia
Beijo que envolve as pedras
Onda que acaricia a areia
Alquimia poética
C024 - POESIA PEDE ORAÇÕES
@Margarida Montejano
Rios d'água nos olhos
Cães famintos atacam
Literatura feminina em revés
C025 - OCEANO INTERIOR
@Maria Correia
Choro se confunde com a chuva
Vida se tece nas correntezas
Tristezas têm sabor de sal
C026 - REFLEXO
@Marilia Tavernard
Teus olhos duas poças
Teimosas lágrimas não caem
Como brilha teu olhar
C027 - OLHOS CONGESTIONADOS
@Marilia Tavernard
Pensamentos doridos
Encaro meu eu no espelho
Os rios transbordam
C029 - ESPELHOS D'ÁGUA
@néctar dos anjos
Lâmina espelha
Poros abertos
Rosto esquecido de si
C030 - CAMINHOS LÍQUIDOS
@néctar dos anjos
Cristalina fonte
Passos firmes seguem
Pelas janelas, lágrimas
C031 - ENCAPSULANDO A ALEGRIA
@néctar dos anjos
Gracejos, coração quentinho
Rios de ternura
Doses curativas
C032 - SALDO DO PROGRESSO
@Cleusa Piovesan
Plantações mataram mata nativa
drones despejam agrotóxicos
olhos d'água não choram mais
C033 - VIDA SEM PROJEÇÕES
@Cleusa Piovesan
Cabeça de vento não faz negócios
coração de pedra não faz amigos
receita de olhos rasos d'água
C034 - OLHOS D'AGUA
@Andréa Abdala
Pingos de esperanças
O pouco de muito mar
Minas onde moram anjos
C035 - MULHER NASCENTE
@carladefaria
nos seios, amor líquido
seu ventre, aquário da vida
pérolas caem dos olhos
C036 - REJEIÇÃO
@Andréa Abdala
No rosto, sofrer incontido
Morada do que antes foi sol
Lamentos de uma lágrima
C037 - NASCENTE DE MANSIDÃO
@Nanda Chinaglia
ondas claras esperançam
poesia se faz do orvalho
a paz em teus olhos rasos
C038 - TEMPO D"ÁGUA
@Mauro
Águas jorravam de olhos d'água
Não há mais fontes
Restaram as lágrimas
C039 - OLHOS RASOS DÁGUA
@claudiotrindade
estômago triste
face encharcada
pingos doídos
C040 - ÁGUA, FONTE DA VIDA
@Beth Iacomini
desce dos montes
cura a esterilidade da vida
novos brotos precisam nascer
C042 - DAS MONTANHAS
@Rogério Marques
Águas escorrem das entranhas
Canção bucólica soada
Chua... medita a natureza
C043 - ESPERANÇA NÃO ESTÁ PERDIDA
@Cleusa Piovesan
Era um fio d'água...
rebento das pedras
vale verdejou e floriu
C044 - VERGEL FLORIDO
@Rogério Marques
Manancial de paz
Inspiração brota
Renasce o poema
C045 - MENTE CRIATIVA
@Rogério Marques
Menino Maluquinho foi alegria
O mundo girou fantasia
Ziraldo transitou à fonte
C046 - DHARMA
@Kika
sigo o curso do rio
momentos deságuam, felizes
sou nascente dos olhos de Mãe
C048 - DEVERAS BELA
@RonaldorJacobina
Ver teu verde mais brilhante
Olhos dágua, meu mar
De tanto amar, me afoguei
C049 - AMANTIKIR
@RonaldorJacobina
Princesa presa na montanha
Desceram ribanceira suas lágrimas
Choro de amor se fez cachoeira
C051 - CAMINHO
@carmem_galbes
Busco-te entre trincheiras
Afogo-me em olhos d'agua
És trilha para oásis?
C052 - CARÍCIAS LÍQUIDAS
@Nanda Chinaglia
choro sedento
fome de abraços
respingam-me gotas de afeto
C054 - CHORO SAUDADE
@claudiotrindade
olhos encantados
versos paralisam
corpo enlouquece
C055 - CARA DE MALUQUINHO
@Chico Zé
panela virada na cabeça
banho de água doce
hoje sorrio salgado
C056 - AUSÊNCIA
@Soroka
Olhos marejados de dor
Gotas de saudade
Respingos de lembranças
C057 - OLHOS RASOS DÁGUA
@Luciene Avanzini
recolho suas lágrimas
bebo suas tristezas
amanheço seu abrigo
C058 - MENORES ABANDONADOS
@Cleusa Piovesan
Barrigas no vazio
rostinhos vertem olhos d'água
multidão se faz de cega
C059 - ÁGUAS NÃO PASSADAS
@Cleusa Piovesan
Olhos marejam água salgada
sofrimento não se cristaliza
tempo não cura vertentes de dor
C061 - SENTIR NASCENTE
@Lorenzo
Meus olhos molham-se
Caminhar de cabeça erguida
Águas da Amazônia
C062 - ÁGUAS NOTURNAS
@Lorenzo
Ausencia de movimento
Fio da nascente espelha o viver só
Flash, instante eterno
C063 - PRAZER EM ÁGUAS SURREALISTAS
@Lorenzo
Sem movimentos, tão pouco presenças
Faz nascente mesmo distante
Nem deltas nem gozo a desaguar...